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Tudo sobre o mundo de vídeo-produção

Saiba tudo sobre a Ursa Mini

Em abril de 2012 a companhia australiana Blackmagic Design demonstrou na NAB uma câmera inovadora, pelo menos, ao que parecia, pelo seu formato em forma de um trapézio, bastante diferente do formato convencional da maioria das câmeras tradicionais. Chamada Blackmagic Cinema Camera, a promessa do uso de lentes do mercado profissional e características robustas de formatos de gravação a posicionaram em um nicho superior de mercado, o que veio de fato a acontecer com o passar do tempo e a adição de novas capacidades. Entre elas, a versão 4K com encaixe de lentes padrão Arri PL, a gravação em formato RAW parcialmente comprimido sem perdas (permitindo menor espaço ocupado no cartão e ao mesmo tempo preservando totalmente a qualidade original) e um sensor com tamanho intermediário entre os frames de película 16 e 35mm (chamado MFT – micro 4/3) apresentado na época pela câmera AF100 da Panasonic. Por ser um sensor fora do tamanho padrão dos equipamentos até então existentes, necessitou o uso de novas lentes, que foram desenvolvidas pela Arri (reforçando ainda mais a sua vocação para o mercado profissional da nova câmera). De fato, ela, que hoje é comercializada em diferentes modelos para diferentes lentes na montagem, como Canon EF, Arri PL, o MFT (desenvolvido pela Arri) e Zeiss ZE, passou a ser bastante utilizada em diversas produções de publicidade e curta-metragens, mesmo com seu formato pequeno, trapezoidal e de pouco peso (que por um lado dificulta um pouco a ergonomia). Dificuldades que acabam sendo contornadas com o uso do equipamento em estabilizadores.



A seguir, em abril de 2014 a Blackmagic lançou a URSA, como evolução e modelo bem superior à Cinema Camera: esta câmera podia, como novidade, ser acrescida pelo usuário, de equipamentos suplementares fabricados pela própria Blackmagic ou por outros fabricantes. Além disso, trazia também a compressão RAW 3:1 sem perdas, um monitor adicional do lado direito voltado ao assistente de câmera, além do seu grande monitor principal e ainda outro para o diretor de fotografia. Isso mostrava que, além de ser uma câmera bem maior do que a Cinema Camera, o seu uso foi pensado para grandes equipes no manuseio dos equipamentos, nas áreas de cinema, produção de seriados, documentários e outros, por isso a presença desses 2 monitores oferecendo um quadro de ajustes de áudio e outro de ajuste de foco, ambos de seu lado direito, cada um voltado para um profissional distinto.


E em abril de 2015 foi lançada a mini URSA, uma câmera menor e muito mais leve do que a URSA lançada no ano anterior, porém, apesar do tamanho, mantendo quase todas as funções existentes nela. Esta versão possibilitava – e foi pensada para isso – o uso de equipe mínima de uma única pessoa. Possui, para facilitar esse uso, um grip lateral para uso na mão. No entanto, seu uso no ombro mesmo com o visor aberto e sem viewfinder, ainda é bastante confortável. A mini URSA é vendida nos modelos EF ou PL de encaixe de lentes.

Em março de 2016 a Blackmagic lançou uma nova versão da mini URSA a que denominou 4.6K, com um sensor que acabou gerando opiniões contrárias e favoráveis (as primeiras em maior número) por usar o processo rolling shutter ao invés do processo global shutter em sua leitura. O método rolling shutter é conhecido pelos efeitos de distorção causados em imagens de movimento (ex. hélice de avião em funcionamento, mostrada com pás distorcidas). Esse resultado nas imagens apareceu na mídia com o uso crescente do CMOS em substituição ao tradicional CCD, desde celulares a câmeras, já que o processo de leitura usado nesses equipamentos é o rolling shutter. Mas existe também o outro lado nessa questão do sensor, uma vez que o sensor 4.6K possui ISO máximo 1.600, ao passo que o sensor 4.0K possui ISO máximo 800 e, na comparação, o nível de ruído no ajuste máximo do 4.0K é bem maior do que no do 4.6K. Assim, a escolha pelo tipo de sensor deve levar em conta o tipo da maioria das cenas que se deseja realizar com a câmera (e o ambiente de iluminação dos locais).


Um lado chama a atenção para a questão do nível de ruído quando se tem situações de baixas luzes (o que irá exigir maior nível de iluminação – e eventuais equipamentos) e outro quando se tem muitas cenas ou cenas principais onde a questão da distorção em cenas de movimento pode ser um problema. Na verdade, poderia-se dizer que na maior parte das vezes, a questão do nivel de ruído será mais importante, até por permitir eventalmente certa economia em equipamentos de iluminação, conforme a situação. O sensor 4.6K possui também um dinamic range maior (15 pontos de f-stop). Este sensor 4.6K, é o mesmo utilizado na mini pro descrita a seguir.

Em março de 2017 foi lançada a URSA mini pro, com maior acessibilidade aos controles quando usada no ombro, se comparada à URSA mini, e também outras diferenças, como a presença de uma segunda tela, do tipo touchsreeen. A presença de diversos botões e controles do lado externo da câmera (e não do lado interno, dentro do visor, que tem que ser aberto para ter acesso a eles) traz uma praticidade muito grande no uso do dia a dia das gravações. Esses botões foram pensados para facilitar seu uso pela sensibilidade do toque (localizar onde está cada controle sem necessidade de serem vistos), através do desenho  diferenciado de cada controle. Além disso, ela traz a possibilidade de aquisição separada de encaixes para montagem de lentes, ou seja, apesar de vir de fábrica com a montagem EF, ela pode ser trocada por encaixes do tipo PL e B4.


E em fevereiro de 2018 a Blackmagic lançou a Blackmagic URSA Broadcast, parecida com a URSA mini pro em seu aspecto (até por usar a mesma plataforma na fabricação) mas com características destinadas a esse mercado específico (broadcast). Assim como a URSA mini pro, permite a troca de seu encaixe B4 original de lentes, por outros adquiridos separadamente, mas em maior número de versões (EF, PL e F).




A mini URSA é uma câmera que tem tido bastante destaque em diversos tipos de trabalhos nesse seu nicho de uso, com características um pouco mais profissionais e elaboradas do que a antiga Cinema Camera (que ainda assim é hoje muito utilizada também em diferentes produções). Como foi dito, ela traz a maioria das caracteríticas da URSA, mas acomodadas em um espaço e design bem menor. Por exemplo, faz o uso do mesmo sistema de gravação da URSA: 2 slots de cartões CFast (que atualmente possui custo menor do que na época de seu lançamento) e o formato RAW 3:1 sem perdas (mas tem opção para uso de cartões SD, com sinal comprimido). Traz ainda  entradas XLR com phantom power, saída SDI para 4K (ou então sinal convertido para full HD), e 2 outros conectores BNC para genlock e outro para sync de Timecode (para uso em estúdio, no sistema multicam).


A mini URSA possui 2 opções de tipos de baterias diferentes, e portanto o battery plate é diferente também, devendo ser adquirido separadamente da câmera conforme o tipo desejado (V-Mont ou Anton Bauer). E, novamente, compartilha outra característica da URSA grande, que é o novo sensor 4K v2, trazendo grande redução dos ruídos em baixa luz. Na verdade, ela pode ser comparada por isso, em termos de custo x benefício, a câmeras de um segmento mais elevado, como a Alexa mini e a Red Epic: a qualidade de sua imagem chega bem próximo de câmeras desse nível.

Em outras palavras, a vantagem da câmera mini URSA é, basicamente, fornecer a mesma qualidade de imagem da URSA grande e aproximar-se bastante de ícones no mercado como as citadas Alexa e Red acima, a um custo bem inferior. É, claro, uma conclusão válida para realizadores que se disponham a pagar algum preço por isso também em termos de ergonomia, relacionado à compactação de controles, menor quantidade de telas de monitoramento, ausência de diversos botões externos de controle e outras diferenças. Mas a “alma” da URSA se mantém na mini URSA.

Havendo disponibilidade para aquisição, a mini URSA pro é basicamente a mesma câmera mini URSA, mas num formato muito parecido com o das câmeras de vídeo tradicionais do mercado, tendo nela sido acrescidas diversas funcionalidades descritas acima. Na verdade ela  possui funções tanto de câmeras de cinema quanto de jornalismo (ENG), por exemplo com a abertura do shutter medida em graus (como no cinema tradicional) e uma saída de áudio para monitoração através de um pequeno alto falante retangular encostado na orelha do operador com a câmera no ombro (como em câmeras com vocação ENG). E ainda, funções de câmeras broadcast, como por exemplo a possibilidade da troca de bocal para uso com lentes no formato micro 4/3 mencionadas acima.


No entanto, seu nicho e ambiente preferido de uso é o ambiente de estúdio, onde a luz possa ser controlada com mais facilidade (por exemplo aplicações de cinema e publicidade), daí o seu ISO máximo ser somente 1.600 quando comparado aos números das câmeras DSLR. Nesses locais, não há dificuldade em colocar refletores para subir o nível de iluminação, o que é mais difícil de ocorrer em ambientes externos, principalmente à noite ou locais fechados por exemplo.

De novo a comparação com as DSLRs mostra que não existe um equipamento excelente  e ideal para toda e qualquer situação e sim, equipamentos que possuem desempenho melhor em algumas situações do que em outras. Assim, enquanto os valores de ISO possíveis nas DSLRs são bem maiores do que os da mini URSA, o sinal de vídeo gerado por elas é em formato comprimido, enquanto que a URSA pode gravar em RAW. E novamente, tudo vai depender do uso que será feito: para determinadas aplicações não é necessária a gravação em sinal bruto (RAW), porém se a imagem for sofrer muito tratamento, aplicação de efeitos, etc… o sinal não comprimido exibirá um resultado muito melhor e mais limpo na tela.




Com a aquisição dos acessórios básicos para uso normal (viewfinder, suporte de bateria e outros) o custo de uma URSA mini irá ficar bem maior do que o de uma boa câmera DSLR, porém, também bem menor do que o de uma Alexa mini ou uma Epic, sendo que a imagem gerada será bem próxima à fornecida por estas câmeras. Para realizadores de produções de cinema de baixo custo é uma boa alternativa, assim como para publicidade. E todas as câmeras URSA mini são fornecidas com a versão completa do software DaVinci Resolve Studio.

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