A Blackmagic Design anunciou hoje que “Deadpool 2”, aguardada sequência da franquia da 20th Century Fox/Marvel, foi finalizada pelo colorista sênior da EFILM, Skip Kimball, utilizando o software DaVinci Resolve. O irreverente longa, estrelado por Ryan Reynolds no papel do debochado anti-herói, é único não só por causa do personagem principal, mas também pelo estilo das imagens usadas para retratar o mundo sombrio de Deadpool e suas aventuras.
Embora a franquia “Deadpool” exista em um universo próximo ao do X-Men, ambos possuem looks bem diferentes. Com efeitos visuais opulentos e condições de filmagem diversas, Kimball trabalhou com o cinegrafista Jonathan Sela para definir uma abordagem descomplicada com relação às cores.
“Já trabalhei em vários filmes com o Sela. É um grande prazer trabalhar com ele. O trabalho do Jonathan é muito equilibrado e descomplicado, então consigo compreender o que ele expôs na tela logo de cara, o que diz muito a respeito de sua obra”, disse Kimball.
A intenção do Sela de criar um look próprio para esta sequência fez com que Kimball utilizasse uma abordagem totalmente nova. “O look tem menos contraste. É um pouco mais suave, e não tão saturado, o que condiz com a visão do Jonathan”, disse Kimball.
Usando sua experiência com vários formatos, Kimball se sentiu à vontade com o material diverso que precisava ser harmonizado durante a produção de “Deadpool 2”. “O maior desafio de balancear o look de “Deadpool 2” foi integrar um grande volume de cenas com efeitos visuais provenientes de vários fornecedores diferentes”, conta Kimball. “As imagens foram captadas ao longo de várias semanas em vários estágios de produção e locações, então o meu objetivo era garantir a fluidez e a coesão. Por exemplo, na cena da escolta, são 10 minutos de ação, mas os elementos foram filmados na tela azul e em locação durante diferentes períodos do dia.”
A escolta virou sua cena favorita, e ele encarou o desafio para dar um ritmo para a sequência. “Para que tudo se encaixasse, foram precisos muitos foscos externos combinados com power windows, bem como plug-ins Resolve, como trepidação de câmera, desfoque, entre outros.”
Kimball recorreu ao DaVinci Resolve para criar um fluxo de trabalho descomplicado que acomodasse a variedade de material que chegava às suas mãos. “O DaVinci Resolve permite que eu trabalhe com imagens brutas da câmera, assim como VFX entregues em EXR em diversas resoluções. Além disso, acho os plug-ins do DaVinci ótimos para criar looks. Em termos de criatividade, os plug-ins OpenFX fornecem pontos de partida para inúmeros looks.”
A abordagem com relação à cor acompanha Kimball desde o início de sua carreira na indústria, quando trabalhava como assistente geral na lendária produtora Howard A. Anderson Co. “Eu fazia de tudo, desde rebobinar filmes até fazer cópias mono em 1:1 e preto e branco”, contou. “Eu também era motorista. Aprendi a transferir copiões em um projetor de filme RCA TK35 e uma câmera de vídeo Ikegami. Em seguida, os copiões eram transferidos para fitas Beta e VHS U-matic de ¾ de polegada.”
Cada tarefa nova era uma oportunidade de aprender, e quando surgiu a primeira chance de operar um sistema de cores, ele não hesitou. “Eu vi o Rank Cintel e achei genial. Resolvi aprender a fazer gradação de cores no meu tempo livre, pois achei criativo, divertido e interessante.
Desde o início da carreira de colorista na Anderson, Kimball trabalhou com muitos dos maiores diretores e cinegrafistas da indústria, atuando como colorista em um série de filmes aclamados como ‘Medo da Verdade’, ‘Nebraska, ‘A Culpa é das Estrelas’, ‘Logan’ e ‘Pequena Grande Vida’, todos colorizados no DaVinci Resolve, que utiliza desde 1989.
Ao longo de sua carreira, Kimball sempre gostou de alternar entre séries, curtas e longas-metragens. Ele gosta de trabalhar em projetos diversificados, como a popular série da Netflix “Stranger Things” e o inovador “Avatar”, de James Cameron. No entanto, apesar da ampla gama de projetos que gosta de encarar, ele acredita que aprender o básico é fundamental para aprender a arte da colorização. “Meu conselho para os jovens coloristas é que aprendam a usar suas ferramentas, aprendam a ler os escopos e aprendam a trabalhar com filme antes do digital. Saber trabalhar com película em um Telecine é muito mais instrutivo do que os fluxos de trabalho atuais.”
Apesar de todas as ferramentas a sua disposição, Kimball garante que não tem nenhum truque na manga. “Eu basicamente começo do zero, pegando as imagens e fazendo a gradação de cores com base no meu instinto. Tento começar mostrando aquilo que o cinegrafista expôs, e vou desenvolvendo a partir dali. O resto - insiste ele - é questão de paciência. “Quando tenho dificuldade em alguma cena, prefiro deixá-la de lado e voltar mais tarde. A cena não está pronta até você reproduzí-la por inteiro, sem interrupção.”
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